Psicologia Africana – textos para estudo

O que vem a ser Psicologia Africana?

Psicologia Africana é uma linha de estudos que vem sendo desenvolvida desde a década de 60 e 70, principalmente nos EUA e no Caribe. Ela começa a chegar no Brasil a partir de 2009, com a publicação do primeiro artigo traduzido para o português (PDF disponível no final da matéria). A segunda ação importante acontece em 2010 com a vinda do Dr. Nobles ao Brasil (click para ver matéria neste BLOG).

Profa. Roberta Federico do CRP 05 faz uma boa apresentação da Psicologia Africana durante o COPENE 2012 em Florianópolis, segue o vídeo:

Em 2013, defendi o primeiro doutorado em Psicologia Social no Brasil que utiliza esta abordagem como fundamento teórico básico para a analise das culturas afro-brasileiras, no caso a Capoeira Angola. Clique no Link para ver esta matéria e baixar a Tese Completa em PDF – Psicologia Crítica Africana e Descolonização da Vida na Prática da Capoeira Angola

Publiquei um trabalho completo no Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as (COPENE 2014) onde apresento mais informações sobre a Psicologia Africana em linhas gerais para quem não a conhece no Brasil ou em língua portuguesa. Clique no link para baixar o trabalho – Psicologia Crítica Africana: o que é isso e para que serve?

Esta psicologia vem sendo produzida por descendentes de african@s na diáspora estadunidense,  e afro-caribenha a partir de pressupostos filosóficos do tronco linguístico cultural Niger-Congo

Apesar de estar sendo desenvolvida geograficamente fora do continente mãe, ou seja, em instituições localizadas nas Américas,  isto não determina uma descontinuidade em relação a ancestralidade e os conhecimentos profundos desde o Egito Antigo, chamado de civilização Kemética (ou KMT), à região oeste do continente africano – de onde vieram os povos que foram escravizados no período colonial. Em outras palavras, est@s pesquisador@s investigam profundamente em África o legado Kemético, os processos históricos migratórios, o legado das outras regiões africanas anteriores e posteriores às colonizações árabe e européia, além de como esse legado sobrevive ainda hoje nas Américas apesar de todo o processo de genocídio físico e cultural imposto pela colonização.

Um aspecto fundamental dessa Psicologia Africana é sua ligação umbilical com o tronco linguístico cultural Niger-Congo. Linguistas identificam 4 ou 5 regiões linguísticas-culturais na África (ver mapa). A maior delas é a Banto-Congo, que abrange a maior parte da região do oeste africano, de onde foram trazidos à força diversos povos durante o período da colonização européia, ou seja, a diáspora africana nas Américas é composta por povos do tronco-linguístico cultural Niger-Congo. Devido a esta  ancestralidade comum Banto-Congo, pesquisado@s afro-american@s e afro-caribenh@s  defendem que há comunalidades e valores culturais compartilhados pelos diversos povos da região oeste do continente africano e da diáspora, sendo que estes valores e comunalidades se manifestam culturalmente de forma diferente em cada um dos povos e os contextos em que estão localizados. A Psicologia Africana envolveria entre outras coisas o estudo das comunalidades culturais entre a diáspora e o continente.

Regiões dos Troncos Linguísticos-Culturais na África – africanos trazidos para América durante período colonial vieram da região Niger-Congo, ancestralidade e princípios culturais compartilhados – comunalidades.

PARA SABER MAIS – disponibilizo textos escaneados de livros com intuito de democratizar esta perspectiva de estudo das africanidades na psicologia. Clique no link em azul para acessar os materiais:

O primeiro artigo de Psicologia Africana publicado em Língua Portuguesa – NOBLES, Wade W. Sakhu Sheti – retomando e reapropriando um foco psicológico afrocentrado. Em: NASCIMENTO, Elisa Larkin (Org.). Afrocentricidade. Uma abordagem epistemológica inovadora. Coleção Sankofa: matrizes africanas da cultura brasileira, n. 4. São Paulo: Selo Negro, 2009. p.   277-297.

AKBAR, Na´im. Cultural Expressions of African Personality (1980). In: AKBAR, Na´im. Akbar Papers in African Psychology. Tallahassee: Mind Productions, 2004. P. 107-122.

NOBLES, Wade W. African Philosophy: Foundations for Black Psychology (1972). In: NOBLES, Wade W. Seeking the Sakhu: foundational writtings for an African Psychology. Illinois: Third World Press, 2006.

AKBAR, Na´im. Mental disorders of African Americans (1980). In: AKBAR, Na´im. Akbar Papers in African Psychology. Tallahassee: Mind Productions, 2004. p. 160-178.

23 comentários em “Psicologia Africana – textos para estudo

  1. Puxa…maravilhoso…. e é interessante como a não (ou dificil) disciplinarização do nosso conhecimento africana nos faz naturalmente inter e multi disciplinar. Um texto sobre psicologia naturalmente extrapola pra filosofia, antropologia e sociologia ocidental.

  2. Excelente proposta de novas informações… Novos conhecimentos que, enriquecerão minha prática profissional. Agradeco, novos matéria. Atenciosamente!

  3. Muito bom saber desse espaço!
    Há dois anos desenvolvo trabalhos na temática da cultura de resistência afro – brasileira com ênfase no jongo. E tenho interesse de futuramente publicar os resultados da minha pesquisa. Gostaria de algumas indicações de como e onde posso fazê-la.
    Avalio que a minha temática dialoga com algumas das questões abordadas nessa nova área.
    Grata, Mônica Gonçalves.

    1. Oi Eduardo, é uma satisfação receber sua proposta. Sim, podemos organizar alguma ação conjunta, especialmente voltada para a área da Psicologia. Tenho intercâmbio com professores de outros departamentos dentro desta área e daria para organizar uma ação conjunta voltada para a Psicologia. Me escreva. capoeira.psico@gmail.com

      1. Olá, bom dia. Caí de paraquedas nesse site e gostaria de me aprofundar mais nas questões étnicos-raciais da psicologia. Atualmente, estou no 5/6 período do curso.

        Gostaria de trocar figurinhas e conhecimentos.

        marwynsouza@hotmail.com

      1. Olá, Simone. Eu sou angolano e estou a escrever sobre a Psicologia Africana, mas tenho tido muitas dificuldades na obtenção de bibliografias em português. Por favor, me envie o seu livro e outros materiais sobre o tema. Serei ternamente grato.

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